Além de aperfeiçoar a assistência aos pacientes, novos equipamentos também proporcionam à equipe e aos residentes acesso a tecnologias de ponta
A pequena Alice Souza de Andrade, 4 meses, nasceu prematura e com Sequência de Pierre Robin, uma condição clínica caracterizada por queixo com tamanho reduzido, retração da língua e fissura de palato (fenda no céu da boca), que pode trazer dificuldade respiratória e alimentar severa aos bebês.
“Ela tinha muita apneia, parava de respirar, ficava muito roxinha. Foi um susto para a gente”, conta a mãe, Ingridi Valéria de Souza, 21, que, mesmo residindo em Lençóis Paulista, cidade localizada a cerca de 40 quilômetros de Bauru, nunca havia ouvido falar do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP, onde Alice chegou com 2 meses de vida, nem de Sequência de Pierre Robin.
Entre idas e vindas da maternidade, unidade de pronto atendimento e UTI hospitalar, a bebê passou somente duas semanas em seu lar.
Agora, após cirurgia para alongamento da mandíbula realizada no HRAC-USP no último dia 29 de novembro – para alívio do comprometimento respiratório –, a mãe está na expectativa de retornar para casa com a filha.
“No começo foi bem difícil, passamos por muita coisa. Mas agora ela está melhor, é outra criança, a gente vê que ela está bem mais confortável. Tenho bastante confiança na recuperação e no desenvolvimento da Alice”, relata Ingridi. “No Centrinho temos todo o suporte, a equipe ajuda bastante. Aprendi muito aqui, sou praticamente uma outra enfermeira, então estou bem tranquila e segura para voltarmos para casa”, completa.
Mais segurança e qualidade
Novos equipamentos que entraram em operação recentemente no HRAC-USP – como uma serra ultrassônica piezoelétrica (utilizada em cirurgias craniofaciais, ortognáticas, de enxerto ósseo alveolar e até em rinoplastias) e um aparelho de intubação videoassistida (para casos com via aérea difícil) – têm contribuído para o aperfeiçoamento dos procedimentos cirúrgicos realizados em pacientes da instituição, como a pequena Alice, que foi operada pesando pouco mais de dois quilos.
Também foram implementadas desde 2021 melhorias como foco cirúrgico com sistema de transmissão em tempo real, além de software para planejamento virtual de cirurgias e impressora para confecção de guias e moldes tridimensionais.
As tecnologias totalizaram cerca de R$ 630 mil e foram viabilizadas por meio de convênio com a Smile Train – maior organização filantrópica de fissura labiopalatina do mundo e que instituiu o HRAC-USP como Centro de Liderança –, cujos recursos são administrados pela Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP).
“São inovações tecnológicas que trazem uma precisão e acurácia maior para os procedimentos, e, consequentemente, maior segurança para os pacientes. Isso mostra um compromisso com a qualidade na assistência”, destaca o professor Cristiano Tonello, cirurgião craniofacial que operou Alice.
“Além disso, esses equipamentos multiusuários proporcionam que nossas equipes e residentes tenham acesso ao que existe de mais atualizado em cuidado cirúrgico, tecnologias de ponta utilizadas nos centros mais avançados como os das Universidades Harvard e Yale”, completa o médico, que também é chefe técnico do Departamento Hospitalar do HRAC-USP e docente do Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP).
O professor Carlos Ferreira dos Santos, superintendente do HRAC-USP e vice-diretor da FOB-USP, ressalta que “essas melhorias beneficiam tanto os pacientes como o trabalho dos profissionais e a formação dos residentes, e mostram a importância de parcerias como a que temos com a Smile Train, especialmente após a promoção do HRAC como Centro de Liderança, viabilizando recursos complementares e investimentos”.